Os ingleses, com sua conhecida necessidade de descobrir novas fronteiras, num exercício de freakonomics (que vem a ser uma mistura de estatística com economia e alguns outros componentes ocultos ou para incautos), chegaram ao valor da vida humana: em sua melhor condição, o de companheira, vale US$220 mil, no caso de danos morais causados pela morte da amada. Mas começamos a partir de US$5 mil, como crianças, se européias ou americanas. Um mero pai, personagem aparentemente tembém cada vez menos presente na criação de filhos, vale ai uns US$28 mil, se em bom estado. O preço de um compacto com air bag (pais podem ter barrigas de chope, mas a função é distinta). Um filho especial no EUA pode valer US$18 milhões, mas ai depende do pai de U$$28 mil ter US$100 mil para arranjar um bom advogado.
Mas sem mais ironizar, imaginemos que uma companheira (um companheiro-pai, lembrem-se, por R$56 mil mal agüenta valer uma safena), valendo R$440 mil, em alguns casos pode precisar de tratamento médico que custa mais que isso, e estudos desse tipo, embora feitos com intuito de estabelecer valores de referência para tribunais, podem desvirtuar os interesses naturais, permitindo que sejam feitos seguros em que os seguradores (planos médicos inclusive) venham a optar pelo mórbido conceito de que é preferível pagar o valor máximo jurídico que arcar com custos que extrapolam esse valor, caso alguém venha a se sentir lesado pelo descaso pela vida humana, que pode ser (ex)posta em dinheiro. Gado.
Uma criança cujo tratamento ultrapasse R$10 mil, talvez seja melhor deixar que a natureza se encarregue...
Mórbido pensar que se precise estabelecer esses valores, e cruel pensar que um adulto pobre, que ganhe 2 salários mínimos, vai gerar em 30 anos de trabalho para a sociedade uma riqueza de R$550 mil apenas em encargos sociais e juros sobre o capital desse tributo que serve ao governo como moeda de auto-financiamento, sem falar que vai gastar o salário em comida e roupa que vai gerar outros tributos ao estado. Ou seja, um adulto acaba por pagar ao trabalhar mais do que vale por ser excluído. Deveria ser razão bastante para o estado preservar o cidadão desses acintes...
Porque ai chego a outras questões: o ministro japonês que acha que explodir bombas atômicas permitiu um mundo menos ameaçado, e está certo, pelos conceitos também de freakonomics, acaba por um lado de colocar os americanos no papel que eles gostam, de mocinhos. Mas não sabemos, mesmo agora tendo a idéia de qüanto vale uma vida, dizer dos males que isso causou ao planeta também (embora não mais valioso que os 200 mil mortos), aos buracos que hoje causticamente deixam fluir os raios para os qüais nossa nave-terra não foi projetada...
Blog do pessoal da TransUNO. Para exercício de ferramenta moderna de comunicação. Textos e imagens sob visualização externa. Pede-se a devida discreção na redação, além de buscar correção ortográfica e gramatical.
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